Não é preciso dizer Adeus...

Não posso dizer que te conheço o interior como a palma da minha mão, mas digo-te, e tu sabes, que percebo o que estás a sentir!

Há cinco anos atrás, quando me disseram que tinha partido, um grito soltou-se do meu coração, senti-me vazia, com vontade de desaparecer do mundo.
A consciência dizia-me que tinha sido melhor assim, que o sofrimento tinha acabado, e atrevo-me a dizer que, correndo o risco de ser mal entendida, senti um certo alívio.Também não deixei de sentir uma enorme raiva por tudo o que lhe tinha acontecido, por toda a dor que tinha sentido, por todos os dias de Sol que deixou de aproveitar, por todos os sorrisos que se foram, por todos os abraços e palavras de conforto que ainda tinha para dar, por tudo! Pela vida que ainda a esperava! Percebi que tinha de ser forte e não me desfazer em lágrimas. Haviam outros que precisavam de mim forte! ...
Mas cá dentro permanecia o vazio, o meu espírito pairava algures à minha volta, como que a tentar chegar a ela. Nunca me despedi com um Adeus, sei que ela não se foi na realidade, pois ainda hoje consigo sentir a sua presença.
Hoje, é mais fácil pensar em tudo com menos revolta, com menos raiva, mas ainda dói, o vazio ainda permanece, embora mais pequeno, mas estou certa que nunca desaparecerá...
Ao escrever isto, não consigo evitar sentir tudo o que senti naquele preciso momento em que me disseram, mas o grito tornou-se na certeza que ela está algures aqui!

Se pudesse dizer-te algo de bom agora seria que tudo isto nos torna mais fortes! Custa, eu sei, irá custar sempre, mas O tempo cura tudo... um bocadinho de cada vez...

Embora longe estou contigo,
um beijo e um abraço forte...