O Último Negreiro.
O livro de Miguel Real é um romance histórico; denso, escrito no fio da história, correndo contra a História, retomando a biografia fantástica de Francisco Félix de Sousa, o último negreiro. Nunca li antes uma descrição assim de Salvador e da Bahia dos séculos XVIII e XIX; nem uma abordagem tão dolorosa da escravatura (sem o kitsch do anacronismo); nem uma viagem assim entre o Brasil e África (Ajudá). Recomendo muito.
«Francisco Félix de Sousa cerrou a meia-pálpebra, fixando no céu do pensamento o clarão alvo da estrela que nessa noite de fim de ano de 1797 brilhara só para si, prometendo-lhe mais meia vida, só três dedos da mão direita lhe obedeciam e Francisco Félix de Sousa agarrou a estrela entre os dedos, prometendo ao Senhor dos Navegantes que seguiria a rota daquela estrela se sobrevivesse à macetada final, dá-me mais meia vida, Senhor dos Navegantes, articularam os lábios imóveis de Francisco Félix de Sousa, deixa-me experimentar a paz que nunca tive, Senhor dos Navegantes…»
«Francisco Félix de Sousa cerrou a meia-pálpebra, fixando no céu do pensamento o clarão alvo da estrela que nessa noite de fim de ano de 1797 brilhara só para si, prometendo-lhe mais meia vida, só três dedos da mão direita lhe obedeciam e Francisco Félix de Sousa agarrou a estrela entre os dedos, prometendo ao Senhor dos Navegantes que seguiria a rota daquela estrela se sobrevivesse à macetada final, dá-me mais meia vida, Senhor dos Navegantes, articularam os lábios imóveis de Francisco Félix de Sousa, deixa-me experimentar a paz que nunca tive, Senhor dos Navegantes…»
***
Estive esta última 3ª na entrega do prémio Fernando Namora, atribuído a Miguel Real que foi nomeado por unanimidade pelo juri, coma obra A Voz da Terra, que li, dvorei e adorei... Recomendo imenso também.
Este "Último Negreiro" já o tenho cá em casa mas ainda não li uma linha, quero estar preparada para o devorar de uma ponta á outra também...
Sem comentários:
Enviar um comentário